Nome:
Local: São Paulo, SP, Brazil

segunda-feira, setembro 17, 2007

Pesquisa tenta desvendar causas dos sintomas da malária

Agência FIOCRUZ, 17 de setembro de 2007 - Os sintomas característicos da malária, como calafrios, febres e infecções, podem ser resultados dos caprichos exagerados do sistema imune do organismo humano. Esta é pelo uma das principais conclusões da pesquisa desenvolvida por Ricardo Gazzinelli, do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR), unidade da Fiocruz em Minas Gerais, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Massachussetts, nos Estados Unidos.


O trabalho, chefiado pelo pesquisador americano Douglas Golenbock, e que acaba de ser publicado na edição de fevereiro da revista PNAS, tem a missão de identificar quais são os receptores do sistema imunológico do ser humano responsáveis por avisar ao organismo de que ele foi invadido por um protozoário causador da malária e também determinar exatamente qual parte do parasita é detectada pelo sistema.


Durante os estudos, o grupo descobriu que há uma desregulação nesse “alarme”, desencadeando de forma exacerbada alguns dos sintomas típicos da malária. “Acreditamos que os sintomas mais comuns da malária estejam relacionados à ativação excessiva dos receptores tipo Toll, que ficam nas células mielóides (macrófagos e células dendríticas) do sistema imune e, por isso, nossa pesquisa está focada no papel deles no processo da malária”, explica Gazzinelli.


Segundo ele, com o alerta o organismo ativa imediatamente e desenvolve mecanismos de defesa do sistema imunológico, como radicais livres produzidos por macrófagos e, posteriormente, ativam linfócitos T e a produção de anticorpos, que destroem o parasita. Entretanto, quando ativados em excesso, os receptores tipo Toll podem exagerar na causa dos sintomas da malária, como quando alguém tem um choque séptico, por exemplo. Gazzinelli explica que “a sobra da proteína dos glóbulos vermelhos, mesmo destruída pelo parasita, ainda carrega DNA do Plasmodium, ativando os receptores Toll no organismo humano”. Os últimos testes em laboratório demonstraram que camundongos deficientes de receptores Toll tiveram os sintomas atenuados.


Enquanto prossegue a luta em busca da cura da malária, os pesquisadores acreditam que em breve poderão pelo menos aliviar os sintomas e o sofrimento provocado pela doença, além de obter mais informações em nível celular e molecular do mecanismo da malária no organismo humano. “Obtivemos importantes avanços com a pesquisa, mas devemos ressaltar que estes estudos são preliminares e levará ainda muito tempo para uma aplicação prática destes resultados em seres humanos”, conclui Gazzinelli.