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segunda-feira, dezembro 04, 2006

Cabra mecânica

Agência FAPESP (04/12/2006), por Thiago Romero - A Universidade Federal de Viçosa (UFV), campus de Florestal (MG), está cercada de pequenas propriedades cujas famílias criam caprinos para subsistência. A carne dos animais é o principal produto de consumo, enquanto o leite é pouco utilizado para alimentação humana e acaba sendo descartado sem nenhum aproveitamento.

O cenário serviu de inspiração aos estudantes Charles de Oliveira e Michael Willian, da Central de Ensino e Desenvolvimento Agrário de Florestal (Cedaf) da UFV, que criaram uma máquina de baixo custo para a fabricação de leite de cabra em pó, com orientação do professor Luiz Carlos Gouvêa.

O foco do projeto é permitir o armazenamento para posterior consumo e comercialização. O leite de cabra em pó tem prazo de validade de oito meses, enquanto o líquido azeda em três dias” disse Gouvêa à Agência FAPESP.

O projeto foi um dos cinco vencedores do Prêmio Técnico Empreendedor 2006, promovido pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A equipe da UFV concorreu com 248 projetos inscritos de todo o país. Consistência do projeto, viabilidade comercial, grau de inovação, potencial de melhoria das comunidades em que serão implementados e valorização da cultura regional foram alguns critérios avaliados. A cerimônia de entrega do prêmio ocorreu em novembro, em Brasília.


Dez litros por hora - O processo de pré-secagem em banho-maria, em que 50% da água do leite é extraída. Com auxílio de um compressor, o leite é então jogado em um forno elétrico.

Um nebulizador foi instalado na parte superior do forno para transformar o leite pastoso em uma espécie de névoa. Com uma temperatura que varia entre 150ºC e 170ºC, o leite em pó cai no fundo do forno com teor de umidade de apenas 3,5%”, disse o professor.

Levando em conta que outra parte do leite em pó fica em suspensão, os pesquisadores acoplaram no forno um pequeno exaustor, que tem a função de sugar o restante das partículas de leite. “Essas partículas passam ainda por um outro aparelho, que denominamos ciclone, responsável por separar o ar das partículas sólidas de leite. Em seguida, o leite em pó é colocado dentro de um recipiente para empacotamento a vácuo”, explica Gouvêa.

A máquina, que está em fase de patenteamento e também poderá ser útil para a produção de leite de vaca em pó, tem capacidade de beneficiar dez litros de leite por hora, sendo que cada litro gera aproximadamente 120 gramas de pó.

Segundo Gouvêa, o equipamento poderá ser utilizado como fonte de renda não apenas para as famílias de Florestal, cidade com cerca de 5,5 mil habitantes, mas em especial para pequenos e médios produtores rurais do Nordeste, região que abriga mais de 90% dos rebanhos de caprinos do país.

No mercado nacional, uma máquina semelhante custa R$ 48 mil. Quando a produção em escala industrial tiver início, nossa máquina custará no máximo R$ 1 mil. Estamos estudando parcerias com empresas”, afirma Gouvêa.