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quinta-feira, agosto 31, 2006

Novas armas contra o mosquito da dengue

Uma descoberta e duas invenções brasileiras podem ajudar no combate à dengue: borra de café e armadilha.


Universia Brasil (29/12/2002) - Pesquisa da Unesp indica borra de café no combate ao Aedes aegypti

O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da dengue hemorrágica e da febre amarela, já mostrou que é duro na queda. Agora, no entanto, uma pesquisa de mestrado realizada no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto, e assinada pela bióloga Alessandra Laranja, promete auxiliar no combate ao invertebrado.

O estudo intitulado "O efeito da cafeína e da borra de café em Aedes aegypti" demonstra que, em quantidades adequadas, a borra e a cafeína são capazes de bloquear o crescimento das larvas do mosquito. "Quanto maior a concentração de cafeína, mais precoce é o bloqueio", explica a bióloga. Da mesma forma, a borra de café também mostrou sua eficácia: duas colheres de chá de borra diluídas em meio copo de água impedem o crescimento do mosquito já na segunda fase do ciclo.

Essa descoberta é tão mais importante quando se sabe que, diante do potencial extremamente tóxico dos inseticidas organofosforados granulados - um risco para crianças, animais domésticos e plantas -, muitas famílias se recusam a usá-los. "Essa forma de combate ao mosquito chega em boa hora, já que, com a elevação da temperatura, as populações do Aedes se multiplicam muito mais rapidamente", considera a também bióloga Hermione Bicudo, do Ibilce, professora de Regulação Gênica e orientadora do estudo.

Mais detalhes em: LARANJA, A. T.; MANZATO, A. J.; BICUDO, H. E. M. C. 2003. Effects of caffeine and used coffee grounds on biological features of Aedes aegypti (Diptera, Culicidae) and their possible use in alternative control. Genetics and Molecular Biology, Brasil, v. 26, n. 4, p. 419-429.




Universia Brasil (14/06/2006) - Austrália adota tecnologia de combate à dengue desenvolvida pela UFMG

Os produtos MosquiTRAP e AtrAEDES, que, juntos, formam uma armadilha contra o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, serão adotados no controle à doença na Austrália. Os inventos foram desenvolvidos por pesquisadores do Laboratório de Culicídeos Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB), coordenados pelo professor Álvaro Eiras. Além da Austrália, as armadilhas já foram exportadas para Alemanha, Cingapura e Panamá.

"Esse é um produto de alta tecnologia, mas ao mesmo tempo muito simples", disse o pesquisador e secretário de Saúde da região norte da Austrália, Scott Richie, que esteve na Universidade, até a semana passada, conhecendo o invento. De acordo com Richie, sua região enfrenta um surto de dengue e a armadilha desenvolvida na UFMG poderá ajudar o governo local a enfrentá-la. Em entrevista à rádio UFMG Educativa, ele ressaltou que a principal vantagem da armadilha brasileira é que as informações coletadas por ela podem ser transferidas rapidamente por um computador portátil e disponibilizadas na Internet, para as autoridades definirem as políticas de combate à doença.

O MosquiTRAP é uma espécie de vaso preto, com água ao fundo, que imita o criadouro do mosquito. Nele, é depositado o AtrAEDES , fabricado em forma de pastilhas, que liberam um odor que atrai o mosquito. "Ao entrar na armadilha, o inseto fica preso a um cartão adesivo, colocado na parede do vaso, e não consegue depositar seus ovos", explica o professor e biólogo Álvaro Eiras, coordenador do projeto. Através da análise do cartão, é possivel contar os mosquitos e coletar dados para detectar a concentração do inseto na região onde a armadilha foi instalada.

As informações, recolhidas em planilhas eletrônicas pelos agentes de campo, são transferidas para um software elaborado pelos pesquisadores. "A ferramenta cria tabelas com índices entomológicos e mapas georreferenciados, que mostram as regiões afetadas", diz o professor. Segundo Álvaro Eiras, eles buscaram desenvolver uma tecnologia inovadora, eficiente, de baixo custo e que agisse no foco do problema: "Ao atacar diretamente o mosquito, impedimos que a fêmea deposite seus ovos. As larvas não se desenvolvem e a doença pode ser controlada", afirma o biólogo.

Patenteado pela UFMG, o método foi licenciado para desenvolvimento e comercialização através da empresa Ecovec, com sede em Belo Horizonte. "Depois de desenvolvida a tecnologia, nosso desafio foi transformar o experimento acadêmico em produto comercialmente viável", afirma o pesquisador.